sábado, 28 de julho de 2012

O Incrível testemunho de Julie Aftab





Quando Julie Aftab tinha 16 anos, um homem entrou no escritório onde ela trabalhava no Paquistão, e perguntou se ela era cristã. Quando respondeu afirmativamente, o homem jogou ácido de bateria no rosto dela e, em seguida, agarrou-a pelos cabelos e forçou-a beber parte do líquido. Com isso, ela queimou o esôfago, de acordo com o jornal Houston Chronicle.No final, Aftab apresentava queimaduras de terceiro grau no peito, nos braços e na maior parte do lado direito do rosto. Sua família a levou para um hospital, que não quis atendê-la. Depois foram para outro onde a situação se repetiu. A mãe pediu tanto a um médico no terceiro hospital para tratar de sua filha que ele acabou concordando.A jovem não podia falar nem mover os braços. Os médicos disseram que 67% de seu esôfago foi queimado. Ela perdera o olho direito. Os dentes remanescentes podiam ser vistos através dos buracos em seu rosto. Os médicos disseram que ela iria morrer naqueles dias.Aftab lembra que sentia muita raiva no início, e disse: “Deus, por que você fez isso comigo? Por que me fez passar por isso?”Lentamente, ela começou a cicatrizar. Três meses e 17 dias depois de ser queimada, ela voltou a falar e recuperou a vista de seu olho esquerdo. Ela passou quase um ano no hospital, se recuperando.


O rosto mutilado da adolescente foi estampado em noticiários, associado ao crime de insultar o islã. Sua família foi perseguida, e sua casa foi incendiada.

“Eles queriam me enforcar”, disse ela. “Eles pensaram que seria um insulto ao Islã se eu vivesse.”

Aftab e seus pais procuraram a um pastor no Paquistão, que prometeu lhes ajudar. Ele contatou o Hospital Shriner para Crianças, que ofereceu o tratamento para ela em Houston.


O pastor deu um conselho valioso antes que ela deixasse o Paquistão, em 2004: “Sua ferida vai curar sem qualquer medicação. Você pode curar de dentro para fora. Se você os perdoar”, disse ele.

Agora, 10 anos e 31 cirurgias depois, Aftab encontrou uma nova vida no Texas, onde está se especializando em contabilidade na Universidade de Houston-Clear Lake e se preparando para receber a cidadania americana este mês.

Ajudado pelos “pais americanos” Lee e Gloria Ervin, aos 26 anos, Afta diz que o ataque apenas aumentou a sua fé.“Aquelas pessoas… elas acham que fizeram uma coisa ruim para mim, mas me levaram mais para perto de Deus”, explica. “Eles me ajudaram a realizar meus sonhos. Eu nunca imaginei que poderia ser a pessoa que sou hoje.”Lee e Gloria são evangélicos ativos em sua igreja e ofereceram sua casa prontamente quando souberam que a jovem paquistanesa cristã que viria se submeter a tratamento médico em Houston.

No início, eles se ofereceram para ficar com Aftab seis meses. Lembram que, quando ela chegou, mostrou ser extremamente tímida, olhando para o chão o tempo todo e só andava vestida de preto, da cabeça aos pés.

Como ela não falava inglês, eles a ensinaram a língua usando livros infantis que pagaram na biblioteca da igreja.

O casal diz que sentavam-se com Aftab para consolá-la quando ela acordava assustado no meio da noite, gritando e chorando. Aftab foi visitando uma lista de médicos, que ajudaram na reconstrução de seu rosto, pescoço e orelhas. Cada um deles o fez de graça, desejando ajudá-la.“Talvez os médicos não sabem o que fizeram. Talvez eles pensem que apenas fizeram o seu trabalho”, disse ela. “Mas para mim, eles me deram uma vida.”O tempo passou até que, em 2007, Aftab solicitou e recebeu asilo com a ajuda de instituições de caridade. Depois desse ataque, Aftab pôde fazer coisas que nenhum membro de sua família havia feito, incluindo formar-se no ensino médio e ir para a faculdade.“Eu sou a primeira pessoa de toda a minha família que se formou no ensino médio… e a primeira pessoa da família que entrou para a faculdade. Eu mudei a história da minha família”, comemora.

Ela parou de usar roupas pretas e agora chama suas cicatrizes de “minhas jóias, meu presente de Deus.”

“Você não precisa mais ver as cicatrizes”, disse Lee, 71. “Você tem tanta beleza.”“Estamos muito orgulhosos dela”, disse Gloria, 72.A jovem trabalha durante o dia e estuda à noite. Ela planeja se formar em teologia e ser uma missionária. Seu sonho é juntar dinheiro o suficiente para ter uma casa segura para as meninas perseguidas no Paquistão.“Há uma razão pela qual Deus me deu a vida”, disse ela. “Eu não quero perder nenhum segundo dela.”A perseguição aos cristãos no Paquistão é um problema constante. No ano passado, as escolas cristãs no Paquistão ficaram fechadas três dias como protesto pelo assassinato do ministro do país que cuida das minorias religiosas.Os líderes cristãos paquistaneses dizem que se a perseguição das pessoas que “exercem a sua liberdade de consciência e de expressão” continuar sendo permitida, dentro de pouco tempo as coisas irão ficar fora de controle, de acordo com a Associated Press.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Receba armas para ser santo.





Quando Paulo diz para mortificar os feitos do corpo “pelo Espírito” (Romanos 8.13), entendo que ele quis dizer que devemos usar a única arma da armadura do Espírito usada para matar. A saber, a espada, que é a Palavra de Deus (Efésios 6.17).


Portanto, quando o corpo está prestes a ser conduzido a uma ação pecaminosa por algum medo ou desejo, nós devemos pegar a espada do Espírito e matar esse medo e esse desejo. Na minha experiência, isso significa principalmente cortar a raiz da promessa do pecado pelo poder de uma promessa superior.

Assim, por exemplo, quando começo a desejar algum prazer sexual ilícito, o golpe de espada que tem frequentemente cortado a raiz desse prazer prometido é: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5.8). Eu recordo os prazeres que senti de ver a Deus mais claramente com uma consciência pura; e recordo a brevidade, superficialidade e o gosto opressor que fica depois dos prazeres do pecado, e, com isso, Deus mata o poder conquistador do pecado.

É lindo ser o instrumento do poder da Palavra de Deus para matar o pecado.

Ter promessas à mão que se adéquam à tentação do momento é uma chave para uma guerra bem sucedida contra o pecado. Mas há momentos nos quais não temos uma palavra vinda de Deus perfeitamente adequada em nossas mentes. E não há tempo para procurar na Bíblia por uma promessa feita sob medida.

Por esse motivo, todos nós precisamos ter um pequeno arsenal de promessas pronto para ser usado sempre que o medo ou o desejo ameaçar nos desviar.

Aqui estão algumas das minhas mais comprovadas armas:

1. “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.” (Isaías 41.10).

Creio que tenho matado mais dragões em minha alma com essa espada do que com qualquer outra. É uma arma preciosa para mim.

2. “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8.32).

Quantas vezes não tenho sido persuadido na hora da provação por esse verso de que a recompensa pela desobediência nunca poderia ser melhor do que “todas as coisas”!

3. “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra… E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mateus 18.18,20)

Quantas vezes eu tenho fortalecido meu enfraquecido espírito com a garantia de que o Senhor do céu e da terra está comigo hoje tanto quanto estava com seus discípulos na Terra!

4. “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” (Salmo 50.15).

O que faz dessa arma tão convincente é que, quando o Senhor me ajuda, cria-se uma ocasião para que eu O glorifique. Combinação incrível. Eu recebo a ajuda, Ele recebe a glória!

5. “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.” (Filipenses 4.19).

O contexto é financeiro e material. Mas o princípio é absoluto. Aquilo que realmente necessitamos (não o que queremos) será garantido. E do que realmente necessitamos? Necessitamos daquilo que devemos ter para fazer a vontade de Deus. Aquilo que precisamos ter para magnificar nosso Salvador. É isso que nos será dado conforme confiarmos nEle.

Esteja constantemente aumentando seu arsenal de promessas. Mas nunca perca de vista aquelas que Deus já usou para abençoar sua vida. Faça as duas coisas. Esteja sempre pronto com as antigas. E toda manhã procure por uma nova para levar consigo durante o dia.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Jesus afirmou ser Deus?




Por Marcelo Berti


´´O CONCEITO da Bíblia é claro. Não apenas é o Todo-poderoso Deus, Jeová, uma personalidade à parte de Jesus, mas Ele é sempre superior. Jesus sempre é apresentado como pessoa à parte e menor, um humilde servo de Deus. É por isso que a Bíblia diz claramente que “a cabeça do Cristo é Deus” assim como “a cabeça de todo homem é o Cristo”. (1 Coríntios 11:3) E é por isso que o próprio Jesus disse: “O Pai é maior do que eu.” — João 14:28, O fato é que Jesus não é Deus e nunca afirmou ser. - Deve-se crer na Trindade, pp.20.``

É verdade que o conceito da Bíblia é claro e que não devemos colocar ou tirar qualquer coisa dela. Também é verdade que apenas a palavra de Deus é verdadeira e suficiente de fato para falar a verdade. Por isso, é sempre importante voltarmos às escrituras para conhecer o que ela ensina, afinal, esse é o propósito desse blog: apresentar o que a Bíblia realmente ensina sobre Jesus Cristo.

Como vemos no livro Deve-se crer na Trindade, o autor tem plena convicção de que Jesus jamais foi chamado de Deus nas escrituras e que Ele mesmo nunca afirmou ser Deus. Mas, será isso verdadeiro? É verdade que a Bíblia nunca chamou Jesus de Deus? E Jesus, nada falou sobre o assunto?

Nesse breve post vamos investigar essas questões, com o objetivo de apresentar o que a Bíblia realmente ensina sobre Jesus.

1. O que as obras de Jesus testemunham a seu respeito?


Muitas das obras realizadas por Jesus Cristo enquanto estava na terra foram repetidas pelos seu seguidos, como por exemplo alguns dos seus milagres. Até mesmo Ele garantiu que seus seguidores fariam ainda coisas maiores do que Ele fez: “Digo-vos em toda a verdade: Quem exercer fé em mim, esse fará também as obras que eu faço; e ele fará obras maiores do que estas, porque eu vou embora para o Pai” (João 14.12).

Diante disso, alguém poderia concluir que as obras de Cristo não são tão especiais, afinal seus seguidores poderiam fazer coisas maiores do que Ele mesmo fez. Contudo, tal conclusão está equivocada! No mesmo texto, ou melhor, no verso anterior encontramos a seguinte expressão: “Acreditai-me que estou em união com o Pai e que o Pai está em união comigo; senão, acreditai por causa das próprias obras” (João .14.11). As obras realizadas por Cristo tinham por propósito apresentar a unidade entre o Pai e o Filho e o Filho com o Pai. Entretanto, não devemos pensar nessa união apenas de propósito, afinal, Jesus claramente testemunho que suas obras testemunham que Deus está nele: “crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai” (João 10.38).

Diante das próprias palavras de Cristo, suas obras servem para testemunhar sua unidade com o Pai. Mas, será que Suas obras podem falar um pouco mais do que isso? Para responder a isso João nos avisa: “De certo, Jesus efetuou muitos outros sinais, também diante dos discípulos, os quais não estão escritos neste rolo. Mas, estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que, por crerdes, tenhais vida por meio do seu nome” (João 20.30-31). Nesses versos João nos ensina que as obras (sinais – milagres) servem para demonstrar que Jesus é o Cristo, ou seja, o Messias prometido nas escrituras Hebraicas, e que Ele também é o Filho de Deus enviado a terra pelo Pai para realizar Sua Vontade.

Entretanto, devemos dizer que podemos conhecer ainda mais de Jesus Cristo ao analisar sua obra, e por isso chamo sua atenção para três ocasiões do seu ministério que testemunham ainda mais sobre ele.

A. Jesus tem poder de ressuscitar mortos

As Escrituras Hebraicas tinham deixado claro que apenas Jeová Deus tinha poder para dar ou devolver a vida, observe:
Vede agora que eu — eu é que o sou, E não há [outros] deuses comigo. Eu entrego à morte e eu vivifico. Feri seriamente, e eu — eu vou curar, E não há quem arrebata da minha mão – Deuteronômio 32.39

Jeová é Quem faz morrer e Quem preserva a vida, Quem faz descer ao Seol, e Ele faz subir – 1 Samuel 2.6

Acaso sou Deus, para entregar à morte e para preservar vivo? – 2 Reis 5.7

As Sagradas Escrituras Gregas, do mesmo modo, atestam que apenas Jeová Deus tem esse poder:

Por que se julga incrível entre vós que Deus levante os mortos? – Atos 26.8

Isto se deu à vista Daquele em quem tinha fé, sim, de Deus, que vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se fossem – Romanos 4.17

Entretanto, é interessante que Jesus Cristo no seu ministério manifestou tal característica algumas vezes. Vamos lembrar alguns desses casos:

E, ao ter dito estas coisas, clamou com voz alta: “Lázaro, vem para fora!” O [homem] que estivera morto saiu com os pés e as mãos amarrados com faixas, e o seu semblante enrolado num pano. Jesus disse-lhes: “Soltai-o e deixai-o ir.” – João 11.43-44

Ao se aproximar do portão da cidade, ora, eis que um morto estava sendo carregado para fora, o filho unigênito de sua mãe. Além disso, ela era viúva. Acompanhava-a também uma multidão considerável da cidade. E, avistando-a o Senhor, teve pena dela e disse-lhe: “Pára de chorar.” Com isso se aproximou e tocou no esquife, e os portadores ficaram parados, e ele disse: “Jovem, eu te digo: Levanta-te!” E o morto sentou-se e principiou a falar, e ele o entregou à sua mãe – Lucas 7.12-15

Enquanto ainda falava, chegou certo representante do presidente da sinagoga, dizendo: “A tua filha morreu; não incomodes mais o instrutor.” Ouvindo isso, Jesus respondeu-lhe: “Não temas, apenas exerce fé, e ela será salva.” Chegando à casa, não deixou ninguém entrar com ele, exceto Pedro, e João, e Tiago, e o pai e a mãe da menina. E todos choravam e se batiam de pesar por ela. De modo que ele disse: “Parai de chorar, pois ela não está morta, mas dorme.” Começaram então a rir-se dele desdenhosamente, porque sabiam que ela havia morrido. Mas ele a tomou pela mão e chamou, dizendo: “Menina, levanta-te!” E voltou-lhe o espírito e ela se levantou instantaneamente, e ele ordenou que se lhe desse algo para comer - Lucas 8.49-55

Diante dessas histórias devemos admitir que Jesus era de fato especial, mas seria isso uma forma de Jesus dizer quer Ele era Deus? Seria correto dizer que Jesus, por fazer o que apenas Jeová pode fazer o torna igual a Deus? Muitas pessoas acreditam que não, até por que Jesus não foi o único que ressuscitou pessoas. AS Escrituras Hebraicas contam a história de Elias que também trouxe à vida o filho de uma mulher viúva:

“Elias tomou então o menino e o levou do quarto de terraço para baixo à casa, e o entregou à sua mãe; e Elias disse então: “Vê, teu filho está vivo” – 1 Reis 17.23

Contudo, devemos nos perguntar: Elias fez isso por seu poder? A resposta é clara: Certamente não. No mesmo texto Elias faz o seguinte reconhecimento:

“E passou a estender-se três vezes sobre o menino e a clamar a Jeová, e a dizer: “Ó Jeová, meu Deus, por favor, faze a alma deste menino voltar para dentro dele.” Jeová escutou finalmente a voz de Elias, de modo que a alma do menino voltou para dentro dele e este reviveu” – 1 Reis 17.21-22

Na verdade, Elias não trouxe ninguém à vida, mas Jeová Deus o fez. Elias apenas clamou a Jeová para que Ele fizesse o que o profeta não era autorizado e nem tinha poder para realizar. Mas não é isso que vemos com Jesus, afinal, as escrituras dizem que Jesus ressuscitou pessoas. As histórias de Cristo, narradas por seus seguidores e inspirada pelo Espírito Santo, testemunham que Cristo exerceu tal poder. Se encontrássemos apenas essas declarações nas escrituras, já teríamos suficiente evidências para dizer que as obras de Cristo testemunham sua verdadeira divindade. Contudo, o próprio Jesus afirma ter o poder e autoridade exclusivas de Jeová Deus para ressuscitar pessoas:

Porque, assim como o Pai levanta os mortos e os faz viver, assim também o Filho faz viver os que ele quer – João 5.21

Nas palavras de Jesus, Ele mesmo tem o mesmo poder de Jeová Deus, pois do mesmo modo que o Pai ressuscita os mortos, o Filho também o faz a quem quer. Ninguém na história da humanidade poderia dizer isso, pois ninguém pode dar vida a quem quiser. Apenas Jeová Deus tem esse poder, e Jesus clama para si mesmo tal autoridade exclusiva de Jeová Deus. Diante disso, temos por certo que suas obras testemunha sua divindade, e suas palavras claramente a apresentam.

B. Jesus tem poder para perdoar pecados


Nas escrituras, o pecado sempre é uma ofensa contra Deus, e Davi nos ensina isso claramente:

Pequei contra ti, somente contra ti, E fiz o que é mau aos teus olhos, A fim de que te mostres justo ao falares, Para que sejas puro ao julgares – Salmos 51.4

Observe que nessa situação Davi está confessando a Jeová seus erros, que incluíam o adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias, o marido dela. Entretanto, quando fala dos seus erros, Davi afirma que pecou contra Jeová. Temos por certo que seus equívocos tiveram grande influência sobre as pessoas e conseqüências pessoais terríveis, mas o que nos chama a atenção é o fato que Davi entende que havia pecado contra Jeová somente. Em outro texto, Davi torna isso ainda mais claro: “Davi disse então a Natã: Pequei contra Jeová” (2Samuel 12.13). O pecado sempre é uma ofensa contra Deus, e por isso, apenas Deus tem autoridade para perdoar pecados, e no caso de Davi, foi exatamente o que aconteceu, pois Jeová o perdoou e não o matou.

Com essa história entendemos que é fato que a única pessoa que poderia perdoar pecados seria aquele que é ofendido. Isso é relativamente simples, e proponho uma ilustração para apresentar o conceito:

Suponha que Alex tenha agredido a Fernando na presença de Marcos. O ofendido nessa situação certamente é o Fernando, e portanto, somente o Fernando pode perdoar. Por outro lado, apenas Alex é culpado da agressão, afinal, Marcos nada fez a Fernando. Ou seja, a única pessoa que deveria pedir perdão seria Alex. Contudo, se Alex pedir perdão para Marcos, nada adiantará, afinal ele não foi ofendido. Da mesma forma, Marcos não pode oferecer perdão a Alex por não ser ele o ofendido. Ou seja, o perdão só pode ser oferecido por Fernando para Alex, e Alex só pode solicitar o perdão a Fernando, a quem ele ofendeu.

Nossa situação com Deus é similar, pois nossos pecados são ofensas realizadas contra Deus. Ou seja, apenas Deus pode oferecer perdão para nossos pecados, pois apenas ele foi ofendido com nossa conduta equivocada. Contudo, Jesus abertamente afirma ter a autoridade de Deus para perdoar pecados:

E [certos] homens vieram trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro. Mas, não podendo levá-lo diretamente a [Jesus], por causa da multidão, removeram o telhado por cima do lugar onde ele estava, e, tendo aberto um buraco, abaixaram a maca em que o paralítico estava deitado. E, quando Jesus viu a fé que tinham, disse ao paralítico: “Filho, teus pecados estão perdoados.” - Marcos 2.3-5

É interessante observar nessa história que a expressão de Jesus não parece conectada a história. Note que quatro homens haviam trazido esse paralítico à presença de Cristo na esperança de que Ele o curasse, já era conhecido entre muitas pessoas que Jesus tinha poder para curar. Entretanto, nesse caso Jesus não olha para o paralítico e diz, como era de se esperar: “Levanta-te e anda“; mas Ele diz que seus pecados estão perdoados.

Não é de se espantar que a multidão que ouvira isso tenha ficado incomodada. Aliás, o evangelista claramente apresenta a opinião daqueles que ouviam:

Ora, alguns dos escribas estavam ali sentados e raciocinavam nos seus corações: “Por que fala este homem dessa maneira? Ele está blasfemando. Quem pode perdoar pecados senão um só, Deus?” – Marcos 2.6-7

Os ouvintes de Cristo estão tão surpresos como muitos ficam ao ler essa história. Mas, devemos nos perguntar se tal afirmação dos escribas é verdadeira, afinal, os escribas estavam errados em muitos aspectos, especialmente ao que se referia à pessoa de Cristo. Em outras palavras, é verdade que apenas Deus pode perdoar pecados? Vamos ver o que as escrituras ensinam:

Pois contigo há o [verdadeiro] perdão, A fim de que sejas temido – Salmo 130.4

Eu é que sou Aquele que perdoa as tuas transgressões por minha própria causa, e não me lembrarei dos teus pecados – Isaías 43.25

A Jeová, nosso Deus, pertencem as misericórdias e os atos de perdão, pois nós nos rebelamos contra ele – Daniel 9.9

Quem é Deus como tu, perdoando o erro e passando por alto a transgressão do restante da sua herança? Certamente não se aferrará à sua ira para todo o sempre, pois se agrada na benevolência. – Miquéias 7.18

“E não mais ensinarão, cada um ao seu companheiro e cada um ao seu irmão, dizendo: ‘Conhecei a Jeová!’ porque todos eles me conhecerão, desde o menor deles até o maior deles”, é a pronunciação de Jeová. “Porque perdoarei seu erro e não me lembrarei mais do seu pecado” – Jeremias 31.34

É importante dizer que em nenhum lugar nas escrituras encontramos mais alguém que tenha poder ou autoridade para perdoar pecados, pois essa é uma tarefa exclusiva de Deus. Contudo, Jesus fala abertamente que tem esse poder e autoridade, e desafia seus críticos a avaliarem sua proposição:

Mas, Jesus, tendo discernido imediatamente pelo seu espírito que estavam raciocinando deste modo no íntimo, disse-lhes: “Por que estais raciocinando essas coisas em vossos corações? 9 O que é mais fácil, dizer ao paralítico: ‘Teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, apanha a tua maca e anda’? 10 Mas, a fim de que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” — ele disse ao paralítico: 11 “Eu te digo: Levanta-te, apanha a tua maca e vai para a tua casa.” 12 Com isso, este se levantou e apanhou imediatamente a sua maca, e saiu andando na frente de todos, de modo que todos ficaram simplesmente arrebatados e glorificaram a Deus, dizendo: “Nunca vimos nada igual.” – Marcos 2.8-12

Jesus não tem nenhuma dificuldade em afirmar claramente que possui autoridade e poder exclusivos de Jeová Deus em seu ministério na terra. Com isso, Jesus clara e abertamente testemunhou ao mundo sua identidade com o Pai ao realizar obras que apenas Jeová poderia realizar. Em outras palavras, Jesus claramente afirmou ser Deus.

2. O que o ensino de Jesus testemunha a seu respeito?


Em muitas ocasiões Jesus ensinou seus discípulos, seguidores e até mesmo numerosas multidões e não era incomum que as pessoas admirassem seu ensino. Algumas vezes no seu ministério vemos o elogio das pessoas ao que Cristo ensina dizendo que seu ensino não é como dos escribas ou fariseus, pois seu ensino tem autoridade.

Temos consciência de que o ensino de Jesus Cristo é fundamental para o cristão e que suas palavras tem autoridade sobre nós. Mas, encontramos nos ensinos de Cristo algo que demonstre sua divindade? Vamos lembrar de algumas histórias.

A. Jesus equipara suas palavras com as palavras de Jeová

Em uma dessas ocasiões em que o ensino de Cristo é elogiado com um ensino com autoridade, Jesus equipara suas palavras com as palavras de Jeová. No conhecido Sermão da Montanha Jesus faz isso algumas vezes:

Ouvistes que se disse aos dos tempos antigos: ‘Não deves assassinar; mas quem cometer um assassínio terá de prestar contas ao tribunal de justiça.’ No entanto, digo-vos que todo aquele que continuar furioso com seu irmão terá de prestar contas ao tribunal de justiça; mas, quem se dirigir a seu irmão com uma palavra imprópria de desprezo terá de prestar contas ao Supremo Tribunal; ao passo que quem disser: ‘Tolo desprezível!’, estará sujeito à Geena ardente

Nessa ocasião, Jesus está citando as escrituras quando diz ouvistes o que se disse aos dos tempos antigos e corrige o modo como eles entenderam as escrituras por afirmar no entanto digo-vos. Infelizmente aqui a TNM deixou de fora um termo importantíssimo: “Eu”. O texto não está simplesmente colocando a opinião de Cristo, mas demonstrando a autoridade de Cristo: Ouvistes o que foi dito e Eu vos digo. Nessa expressão, repetida algumas vezes mais no mesmo capítulo, Jesus equipara suas Palavras com as de Jeová.

No passado Jeová havia dado ao povo a Lei e os seus mandamentos, mas Jesus é quem apresenta um novo mandamento: “Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo.13.34). A idéia de amar ao próximo já era bem conhecida nas Escrituras Hebraicas, mas Cristo apresenta um novo mandamento e complementa as palavras de Jeová, pois na Lei as pessoas deveriam amar seu próximo como a si mesmo, mas os seguidores de Cristo deveriam amá-los como Ele mesmo amado. Devemos lembrar também que nesse assunto, a Lei dizia para amar o próximo, ao passo que Jesus manda amar até mesmo o inimigo. A qualidade do amor exigido por Cristo a seus seguidores, não apenas se equipara com as Palavras de Jeová, mas as completa.

Jeová sempre atestou que sua palavra é para sempre e que ela jamais seria terminada, observe:

Para sempre, ó Jeová, Tua palavra está posta nos céus. – Salmos 119.89

Quanto às tuas prescrições, há muito sei que as estabeleceste para sempre. – Salmos 119.152

Secou-se a erva verde, murchou a flor; mas, quanto à palavra de nosso Deus, ela durará para sempre – Isaías 40.8

Entretanto, Jesus revogou para suas palavras a mesma autoridade:

pois, deveras, eu vos digo que antes passariam o céu e a terra, do que passaria uma só letra menor ou uma só partícula duma letra da Lei sem que tudo se cumprisse – Mateus 5.18

Céu e terra passarão, mas as minhas palavras de modo algum passarão – Mateus 24.35

Ao fazer isso, claramente Jesus equipara suas palavras com a de Jeová, e sabemos por fato que a palavra de mais ninguém tem a mesma autoridade que a palavra de Jeová, apenas Cristo, com que Ele é um (Jo.10.30). Mas, também lemos nas escrituras que apenas Jeová é verdadeiro Juiz:

Deus é justo Juiz, E Deus lança verberações cada dia – Salmos 7.11

Pois Deus é o juiz. A este ele rebaixa e aquele exalta – Salmos 75.7

Entretanto, nos seus ensino Jesus também revogou ter tal autoridade:

Quem me desconsiderar e não receber as minhas declarações, tem quem o julgue. A palavra que eu tenho falado é que o julgará no último dia - João 12.48

Ao realizar todas essas ações, fica evidente que Jesus não apenas se equipara a Jeová, mas como é divino e seus ensinos testemunham exatamente isso.

B. Jesus afirmou ser o Cristo prometido

Os judeus do período de Cristo, e muitos ainda hoje, esperam o Messias (Cristo) prometido nas Escrituras Hebraicas. Nela, os judeus sempre encontraram informações sobre quem o Messias seria e quais suas caracteristicas, mas infelizmente eles não haviam percebido a profundidade de algumas das afirmações a respeito do Messias esperado. Por exemplo, em Isaías 9.6 o Messias é chamado de Deus forte e em Salmos encontramos a declaração de que o trono messiânico seria para sempre, e nesse verso ele é chamado de Deus (Sl.45.6).

É verdade que em nenhuma dessas ocasiões se diz que o Messias seria chamado pelo nome de Jeová, mas seria chamado de Elohim, que nas escrituras hebraicas era um termo comum a ser empregado a seres humanos, como reis, e até mesmo a seres angélicos. Contudo, o próprio Jeová afirma ser Elohim algumas vezes, especialmente em Deuteronômio 6.4: “Escuta, ó Israel: Jeová, nosso Deus [Elohim], é um só Jeová“.

Entretanto, isso não é tudo o que se poderia aprender com as Escrituras Hebraicas a respeito do Messias. Existe um texto muito interessante que afirma que o Messias seria o próprio Jeová:

“Eis que vêm dias”, é a pronunciação de Jeová, “e eu vou suscitar a Davi um renovo justo. E um rei há de reinar e agir com discrição, e executar o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo e o próprio Israel residirá em segurança. E este é o nome pelo qual será chamado: Jeová É Nossa Justiça” – Jeremias 23.5-6

Nesse texto, o Messias é primeiramente chamado de renovo justo, como é comum nas escrituras hebraicas (Sl. 132.11; Is.4.2; 11.1; Zc.6.12; ). Nesse texto também vemos que o Messias viria para executar o juízo e a justiça, bem como proteger a Israel. Entretanto, o seu nome será Jeová é nossa Justiça.

Dois detalhes aqui são importantes: (1) o uso do termo “nome” (hb. shem) e (2) o uso do Tetragrama (YHWH). O uso do termo “nome” é importante, pois ele não fala apenas da nomenclatura de um pessoa, mas o termo hebraico é freqüentemente associado ao caráter de uma pessoa, observe:

Por favor, não fixe meu senhor seu coração neste homem imprestável, Nabal, pois ele é tal qual seu nome. Nabal é o seu nome e a insensatez está com ele. Quanto a mim, tua escrava, não vi os moços do meu senhor, que enviaste. – 1 Samuel 25.25

Essa relação entre nome e caráter nas escrituras hebraicas é fato claramente observável. Considere o caso de Jacó que teve seu nome alterado para Israel por Jeová (Gn.35.10). O significado de Jacó é “enganador” ao passo que Israel “Deus prevalece” como expressão da fidelidade e manutenção graciosa do Seu Soberano Plano apresentado a Abraão. Fato similar acontece com Noemi, que por grande sofrimento pela perda do marido e dos seus filhos (Rt.1.12), descreve sua situação com o termo “amarga” (hb. Mara; Rt.1.13; cf. Ex.15.23), nome que adota para descrever sua situação: “Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso” (Rt.1.20).

Entretanto, é fundamental demonstrar que esse termo (hb. shem) é usado nas escrituras hebraicas para descrever a exclusividade de Jeová, e eventualmente é usado em substituição do Tetragrama:

Deves fazer para mim um altar de terra, e sobre ele tens de sacrificar as tuas ofertas queimadas e os teus sacrifícios de participação em comum, teu rebanho e tua manada. Em todo lugar onde farei que meu nome seja lembrado virei a ti e certamente te abençoarei. – Êxodo 20.24

Por isso vou entoar melodias ao teu nome para todo o sempre, A fim de pagar meus votos dia após dia – Salmos 61.8

Em ambos os versos, a idéia é que Jeová Deus deveria ser lembrado ou adorado, e as escrituras hebraicas apresentam esse tipo de situação várias vezes. Contudo, ainda mais interessante do que isso é que o texto de Jeremias fala que o nome, isso é, o caráter e a essência do Messias, será Jeová. Contudo, Jeová mesmo garante que o Tetragrama é o seu nome e ele não o dá a ninguém:

Jeová é pessoa varonil de guerra. Jeová é o seu nome – Êxodo 15.3

Deus disse então mais uma vez a Moisés: “Isto é o que deves dizer aos filhos de Israel: ‘Jeová, o Deus de vossos antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó enviou-me a vós.’ Este é o meu nome por tempo indefinido e esta é a recordação de mim por geração após geração – Êxodo 3.15

Eu sou Jeová. Este é meu nome; e a minha própria glória não darei a outrem, nem o meu louvor a imagens entalhadas – Isaías 42.8

Ou seja, ao dizer que o Messias terá o nome de Jeová nossa Justiça, Jeová está dizendo que o Messias será como Jeová. Mais importante ainda, o Messias terá o mesmíssimo nome de Jeová, o nome que não divide com ninguém. É importante dizer que no texto de Jeremias encontramos o Tetragrama para descrever a pessoa do Messias. Assim, podemos dizer que as escrituras hebraicas claramente atestam que o Messias será divino.

Tendo assegurado isso, devemos lembrar que Jesus chamou para si a idéia de ser o Cristo,prometido pelas escrituras. João, o batizador, quando já encarcerado teve dúvidas quanto a verdade e pediu que seus discípulos fossem conferir se de fato Jesus era o Messias:

João, na cadeia, porém, tendo ouvido [falar] das obras do Cristo, enviou os seus próprios discípulos e mandou dizer-lhe: “És tu Aquele Que Vem, ou devemos esperar alguém diferente?” Jesus disse-lhes, em resposta: “Ide e relatai a João o que ouvis e vedes: 5 Os cegos estão vendo novamente e os coxos estão andando, os leprosos estão sendo purificados e os surdos estão ouvindo, e os mortos estão sendo levantados, e aos pobres estão sendo declaradas as boas novas; 6 e feliz é aquele que não achar em mim nenhuma causa para tropeço – Mateus 11.2-6

A resposta de Jesus foi clara: Ele citou Isaías 35.5 e 61.1 que falam sobre o Messias. Jesus não teve qualquer dificuldade em assumir que era de fato o Messias prometido. Quando Pedro declarou que Ele era o Cristo, Jesus demonstrou que tal verdade fora revelada pelo Pai que está nos céus (Mateus 16.16-17). Mas, uma importante evidência de sua clara consciência messiânica foi vista já perto do fim de sua vida:

O sumo sacerdote começou novamente a interrogá-lo e disse-lhe: “És tu o Cristo, o Filho do Bendito?” Jesus disse então: “Sou; e vós vereis o Filho do homem sentado à destra de poder e vindo com as nuvens do céu – Marcos 14.61-62

Nessa ocasião fica evidente que Jesus claramente assume o título de Cristo, e devemos dizer que diante do testemunho das escrituras hebraicas, Jesus Cristo é de fato divino, pois foi assim que as escrituras hebraicas se referiram a Ele.

C. Jesus aceita dos homens aquilo que apenas Jeová deveria aceitar

Outra característica interessante de Cristo é que além de suas obras e seus ensinos atestarem sua divindade, Ele também aceita duas ações dos homens que devem ser apenas oferecidas a Jeová: oração e adoração. Diferente do que muitas pessoas pensam Jesus não apenas ensinou os discípulos a orarem, Ele os incentivou a orarem em seu nome:

Também, o que for que pedirdes em meu nome, eu farei isso, a fim de que o Pai seja glorificado em conexão com o Filho. Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei – João 14.13-14

Vós não me escolhestes, mas eu escolhi a vós, e eu vos designei para prosseguirdes e persistirdes em dar fruto, e que o vosso fruto permaneça; a fim de que, não importa o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dê – João 15.16

E naquele dia não me fareis absolutamente nenhuma pergunta. Eu vos digo em toda a verdade: Se pedirdes ao Pai qualquer coisa, ele vo-la dará em meu nome. Até o momento não pedistes nem uma única coisa em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja plena - João 16.23-24

É bem verdade que no ensino de Cristo, fica evidente que a oração deve ser feita ao Pai, mas é na sua autoridade que tal oração é feita. Entretanto, seus seguidores não apenas oravam em nome de Cristo (1Co.5.4) como também oravam a Cristo:

E atiravam pedras em Estêvão, enquanto ele fazia apelo e dizia: “Senhor Jesus, recebe meu espírito – Atos 7.59

Mas, mais importante do que ser digno de receber as orações de seus seguidores, Jesus Cristo também recebeu adoração. As escrituras hebraicas deixam claro que apenas Jeová pode ser adorado (Ex.20.1-4, Dt.5.6-7). As escrituras gregas cristãs do mesmo modo apóiam a exclusividade de Jeová na adoração com clareza (At.17.29; 19.26; Rm.1.23). As escrituras também são claras em atestar que nenhum ser humano é digno de receber adoração (At.14.15) e que até mesmo os seres angélicos não tem tal dignidade (Rev.22.8,9). Infelizmente, a Tradução do Novo Mundo esconde o fato de que Jesus recebeu adoração dos seus leitores, por dizer que eles o homenageavam:

E eis que veio um leproso e começou a prestar-lhe homenagem, dizendo: “Senhor, se apenas quiseres, podes tornar-me limpo” – Mateus 8.2

Em primeiro lugar, o próprio texto não parece um ambiente de prestação de homenagem, afinal o homem que se achega a Cristo aqui está aflito e perdido. Ele precisa de ajuda, ele está desesperado. Até mesmo sua afirmação a Cristo parece sugerir mais do que uma homenagem: Ele o chama de Senhor e reconhece seu poder e autoridade para realizar o que ele lhe pede. Em nenhum momento esse leproso desconfiou de quem Jesus era e do que Ele era capaz de fazer, mas submisso à sua autoridade, pede que se for da vontade Dele, que Cristo o faça limpo.

Em segundo lugar, o termo empregado por Mateus aqui foi mal compreendida pela Tradução do Novo Mundo (TNM). O termo usado aqui é “proskunéo“, o mesmo termo que a TNM traduz em outros lugares, especialmente em referência a Jeová como adoração:

“Todas estas coisas te darei, se te prostrares e me fizeres um ato de adoração” Jesus disse-lhe então: “Vai-te, Satanás! Pois está escrito: ‘É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado” – Mateus 4.9-10

Nesses versos o mesmo termo é usado duas vezes, e vemos que o sentido aqui é claramente adorar, e sempre que o termo é usado em referência a Jeová, esse é o sentido usado pela TNM (Mt 4:10; Jo 4:20-23s; 12:20; At 24:11; 1Cor 14:25; Hb 11:21; Rv 4:10; 14:7; 19:4). O mesmo acontece quando é usado em referência a agentes de Satanás (Lc 4:7 ; Rv 9:20; 13:4; 14:9, 11) e a seres angélicos (Rv.22.8). Até mesmo quando Pedro foi surpreendido pela postura de Cornélio, o termo usado também foi “proskunéo” (At.10.25). Ou seja, a TNM aceita que o termo tenha de fato o sentido de adoração, mas apenas nas ocasiões relacionadas a Cristo é que ela faz diferença (Mt 2:2, 8, 11; 8:2; 9:18; 14:33; 20:20; 15:25; 28:9, 17; Mc 5:6; 15:19; Lc 24:52). Com isso, estamos dizendo que as escrituras sagradas afirmam com clareza que Jesus recebeu adoração, e que isso certamente implica em dizer que Jesus é divino.

Entretanto, a mais clara das afirmações sobre quem Cristo é foi realizada em um ato de adoração, quando Tomé o reconheceu após a ressurreição: “Em resposta, Tomé disse-lhe: “Meu Senhor e meu Deus!” (João 20.28). É interessante que, diferente dos seres angélicos e seres humanos, Jesus nunca repreendeu as pessoas que se prostravam diante dele em adoração, do mesmo modo que nunca repreendeu a Tomé por chamá-lo de Senhor e Deus.

Com isso, estamos dizendo que com sua postura nesses casos, Jesus claramente falou ser Ele verdadeiramente divino.

3. Jesus alguma vez disse claramente ser Deus?


Como vimos na citação inicial, a STV afirma que Jesus nunca afirmou ser Deus, e se considerarmos suas obras e ensinos, devemos dizer que tal publicação está redondamente equivocada. Contudo, encontramos em algum lugar nas escrituras uma ocasião na qual Jesus afirma ser Deus? A resposta a essa pergunta é: Certamente!

Algumas afirmações são simples, mas claras. Por exemplo, Jesus afirmou ser o bom pastor (Jo.10.11), ofício que sempre foi de Jeová (Sl.23.1); Ele também afirmou ser o juiz de todos os povos (Mt.25.31s; Jo.5.27), mas esse cargo também é exclusivo de Jeová (Jl.3.12); Jesus também assumiu o título de noivo (Mt.25.1), título que pertence a Jeová (Is.62.5; Os.2.16). Jesus se auto-denominou luz do mundo (Jo.8.12), ao passo que Jeová é assim apresentado (Sl.27.1). Mas, diante dessas declarações que isso não é evidência de que Jesus tenha dito ser Ele mesmo Deus. Contudo, convidamos os leitores a prosseguir.

Nas escrituras, Jeová sempre foi reconhecido com o Primeiro e o Último:

Quem tem estado ativo e tem feito [isso], convocando as gerações desde o começo? “Eu, Jeová, o Primeiro; e sou o mesmo com os últimos – Isaías 41.4

Assim disse Jeová, o Rei de Israel e seu Resgatador, Jeová dos exércitos: ‘Sou o primeiro e sou o último, e além de mim não há Deus – Isaías 44.6

Escuta-me, ó Jacó, e tu, Israel, meu chamado. Eu sou o Mesmo. Sou o primeiro. Além disso, sou o último – Isaías 48.12

Temos por certo que dizer que Jeová é o Primeiro e o Último, significa assumir que não existe ninguém antes Dele, nem depois Dele. Essa nomenclatura exclusiva de Jeová é assumida por Cristo no livro das Revelações:

E ao anjo da congregação em Esmirna escreve: Estas coisas diz aquele, ‘o Primeiro e o Último’, que ficou morto e passou a viver [novamente] – Revelações 2.8

‘Eis que venho depressa, e a recompensa que dou está comigo, para dar a cada um conforme a sua obra. Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim – Revelações 22.12-13

Ao assumir esse título característico de Jeová, temos por certo que Jesus está dizendo ser Ele mesmo Deus. Nos dois textos de Revelações, vemos claramente que é Jesus o autor dessas frases, pois é o mesmo que morreu e voltou a viver, Aquele que vem sem demora. Não existe qualquer chance de esses textos falarem a respeito de Jeová, afinal, Ele mesmo jamais morreu e não prometeu voltar. É interessante que em Revelações, é recorrente a idéia de que Cristo voltará, aliás, o livro inicia e termina com essa expectativa (Rev.1.7; 22.20).

Bom, talvez até aqui alguém diga: “Tudo bem. Jesus disse ter títulos de Jeová, mas nunca afirmou categoricamente ser Deus“. Na verdade, temos que considerar ainda dois textos interessantes:

E quanto às quatro criaturas viventes, cada uma delas, respectivamente, tem seis asas; ao redor e por baixo estão cheias de olhos. E elas não têm descanso, dia e noite, ao dizerem: “Santo, santo, santo é Jeová Deus, o Todo-poderoso, que era, e que é, e que vem. – Revelações 4.8

Ao olhar para esse texto vemos a tríplice adoração como em Isaías (Santo, santo, santo). Também vemos o nome de Jeová Deus, a quem as criaturas viventes dirigem sua adoração. Na seqüência vemos a designação clara da superioridade de Jeová, como Todo-Poderoso, título que ninguém jamais recebeu. Também vemos a descrição da eternidade de Jeová, que era, que é e que vem. Em Revelações aquele que vem, sempre é Jesus Cristo, afinal Jeová nunca prometeu voltar. No livro de Revelações apenas Jesus poderia receber essa descrição, mas aqui Jeová a recebe.

Das duas uma: Ou Jeová é equiparado a Cristo ou Cristo equiparado a Jeová. Seja como for, esse texto CLARAMENTE atribui as mais importantes descrições divinas de Jeová (Digno de adoração, cujo nome é Jeová, Todo-Poderoso) a Cristo. Diante disso vemos claramente o fato de que Jesus não apenas aceita tal posição como as criaturas viventes na eternidade o reconhecem com facilidade.

Entretanto, alguém poderá dizer: “Ei, mas essa expressão não foi dita por Jesus!“. Isso é verdade. É que infelizmente os que procuram esconder tudo o que já vimos até aqui, precisam ver uma ocasião em que Jesus afirmou ser Deus. Bom, para esses devo lembrá-los de apenas mais um texto:

“Se tu és filho de Deus, lança-te para baixo; pois está escrito: ‘Dará aos seus anjos encargo concernente a ti, e eles te carregarão nas mãos, para que nunca batas com o pé contra uma pedra.’” Jesus disse-lhe: “Novamente está escrito: ‘Não deves pôr Jeová, teu Deus, à prova.’ – Mateus 4.6-7

Ao tentar Jesus Cristo, Satanás ofereceu a possibilidade de Jesus Cristo se jogar de cima do pináculo do templo com a promessa de que Seus anjos o segurem. Em resposta ao pedido de Satanás, Jesus disse: “Não deves por Jeová, teu Deus à prova“. Nessa simples frase, Jesus disse: Pare de me tentar, eu sou Jeová teu Deus. Simples e claro.

Diante disso, jamais poderíamos dizer, como disse o autor no início desse post, que Jesus jamais afirmou ser Deus, nem que a Bïblia não o diz, afinal vimos que Jesus afirmou ser Deus em suas obras, ensinos, títulos e claramente na cena da tentação. Por isso, devemos assumir que diante do TODO das escrituras: Jesus é chamado claramente de Deus.

Fonte: NAPEC

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A cruz ontem.




Por Silas Alves Figueira


Você já parou para analisar a forma cruel que era a morte na cruz? O quanto uma pessoa condenada sofria antes e durante a crucificação? Quais eram os critérios para ser morto desta forma e quem implantou esse tipo de morte? Se não, vejamos:

1 – Quem deveria morrer na cruz. Tenha em mente que a crucificação – com todos os seus horrores – era comum no primeiro século. Estima-se que os romanos crucificavam cerca 30 mil pessoas por ano. Era a forma de execução normalmente aceita para prisioneiros políticos e criminosos de várias espécies [1]. Quando Jesus foi preso, a cruz em que ele foi crucificado não era para ele, mas era para Barrabás, pois este era homicida (Mc 15.6-8). Depois do julgamento e da condenação de Barrabás, as autoridades chamaram um carpinteiro para preparar a cruz que seria dele. Ali estava o delinquente e ali estava sua cruz, preparada especialmente para ele, com suas medidas, com seu nome. Mas naquele dia os judeus prenderam Jesus. Já não havia mais tempo para chamar o carpinteiro e preparar uma cruz para Cristo. Além do mais, ali havia uma cruz vaga, apesar de ter as medidas de outro, o nome de outro, e de ter sido preparada para outro… Esse outro era eu e era você.

2 – Quem implantou esse tipo de morte. Segundo alguns historiadores este método de tortura e morte foi criado na Pérsia, sendo trazido no tempo de Alexandre o Grande para o Ocidente, sendo então copiado dos cartagineses pelos romanos.

3 – O sofrimento antes da crucificação. Neste ato combinavam-se os elementos de vergonha e tortura, e por isso o processo de crucificação era olhado com profundo horror. O castigo da crucificação começava com flagelação, depois do criminoso ter sido despojado de suas vestes. No azorrague os soldados fixavam os pregos, pedaços de ossos, e coisas semelhantes, podendo a tortura do açoitamento ser tão forte que às vezes o flagelado morria em consequência do açoite. As costas ficavam tão maltratadas que às vezes os cortes profundos chegavam a deixar a espinha expostas. O flagelo era cometido ao réu estando este preso a uma coluna. Os açoitamentos romanos eram famosos por serem terrivelmente brutais. O comum é que consistissem de 39 chicotadas, mas com frequência esse número era ultrapassado, dependendo do humor do soldado que a aplicava.

À medida que o açoitamento continuava, as lacerações atingiam os músculos inferiores que seguravam o esqueleto, deixando penduradas tiras de carne ensanguentada. Um historiador do século III de nome Eusébio descreveu um açoitamento nestes termos: “As veias do sofredor ficavam abertas, e os músculos, tendões e órgãos internos da vítima ficavam expostos”. No mínimo, a vítima sofria dores terríveis e entrava em choque hipovolêmico.

Hipo significa “baixo”, vol refere-se a “volume” e êmico significa sangue; portanto, choque hipovolêmico quer dizer que a pessoa está sofrendo os efeitos de perder grande quantidade de sangue. Isso ocasiona quatro coisas. Primeiro lugar, o coração se esforça para bombear mais sangue, mas não tem de onde; em segundo lugar, a pressão sanguínea cai, causando desmaio ou colapso; em terceiro lugar, os rins param de produzir urina, para conservar o volume que sobrou; e em quarto lugar a pessoa fica com muita sede, pois o corpo pede por líquido para repor o sangue que perdeu [2].

4 – O sofrimento durante a crucificação. A crucificação foi um método de execução cruel utilizado na Antiguidade e comum tanto em Roma quanto em Cartago. Abolido no século IV, por Constantino, consistia em torturar o condenado e obrigá-lo a levar até o local do suplício a barra horizontal da cruz, esta viga era chamada de patibulum, onde já se encontrava a parte vertical cravada no chão. De braços abertos, o condenado era pregado na madeira pelos pulsos e pelos pés e morria, depois de horas de exaustão, por asfixia e parada cardíaca (a cabeça pendida sobre o peito dificultava sobremodo a respiração). Um pouco antes de morrer há um choque hipovolêmico que faz o coração bater rapidamente por algum tempo, o que contribui para ele falhar, resultando num acúmulo de líquido na membrana em torno do coração, chamado de efusão pericardial, bem como em torno dos pulmões, chamado de efusão pleural. Por isso que quando o soldado enfiou uma lança do lado de Jesus para confirmar a sua morte, tudo indica que atravessou o pulmão e o coração, e , quando foi tirada saiu um líquido de aparência transparente , como água, e é essa efusão mencionada. Esse líquido tem aparência transparente, como água, e é seguida de um grande volume de sangue, como João descreveu (Jo 19.34) [3].

No ato de crucificação a vítima era pendurada de braços abertos em uma cruz de madeira, amarrada ou, raramente, presa a ela por pregos perfurantes nos punhos e pés. O peso das pernas sobrecarregava a musculatura abdominal que, cansada, tornava-se incapaz de manter a respiração, levando à morte por asfixia. Para abreviar a morte os torturadores às vezes fraturavam as pernas do condenado, removendo totalmente sua capacidade de sustentação, acelerando o processo que levava à morte. Mas era mais comum a colocação de “bancos” no crucifixo, que foi erroneamente interpretado como um pedestal. Essa prática fazia com que a vítima vivesse por mais tempo. Nos momentos que precedem a morte, falar ou gritar exigia um enorme esforço.

Quando era pregado o pulso da vítima eles acertavam um nervo chamado ulna. A dor é muito grande quando se acerta ele em cheio, principalmente se for apertado e esmagado pelos cravos. A sensação é como se apertasse esse nervo com um alicate. A dor é totalmente insuportável. Na verdade ela está além da descrição por palavras. Foi necessário inventar uma nova palavra: dor excruciante. Essa palavra significa literalmente “da cruz”. Foi necessário criar uma nova palavra, porque não havia nenhuma na língua que pudesse descrever a angústia terrível provocada pela crucificação [4].

Mas todo esse sofrimento que Jesus passou os salteadores que estavam ao seu redor também passou. Esse sofrimento foi físico, mas o sofrimento maior que Jesus enfrentou não foi esse, foi o sofrimento de levar sobre si os nossos pecados (1Pe 2.24). Por isso Ele quando estava no Getsêmani ora ao Pai intensamente para que se fosse possível passasse dele o cálice que estava por beber (Lc 22.39-45). Maior que a morte física que Jesus enfrentou era a morte espiritual no momento que Ele estaria se tornando maldito em nosso lugar, como nos diz as Escrituras: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3.13).

A lei de Deus não foi dada a nós para nos justificar, mas para nos condenar. Deus queria mostrar como era o homem perante Ele: maldito. Todo homem! Pois “maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.10). Isso é a lei do Antigo Testamento. O Antigo Testamento nos mostra que somos malditos pecadores; não somos capazes para salvar-nos; o Antigo Testamento nos mostra que precisamos de um Salvador. E o Novo Testamento nos mostra quem é este salvador: Jesus Cristo.

Jesus Cristo nos salvou. Ele foi o nosso substituto. Ele se colocou em nosso lugar para tomar a maldição de Deus. Nós somos malditos, mas Cristo tomou a nossa maldição. Cristo sofreu por causa dos nossos pecados; Cristo foi castigado em nosso lugar. Paulo fala sobre isso, quando ele escreve: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3.13). Veja o que nos diz a Lei: “Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tiver sido morto, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas, certamente, o enterrarás no mesmo dia; porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus; assim, não contaminarás a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá em herança” (Dt 21.22,23).

A nossa salvação está ligada com a cruz de Cristo. A crucificação de Jesus Cristo não foi um castigo qualquer. A crucificação foi uma morte maldita. Quem morreu assim foi maldito por Deus e pelos homens. Pendurada no madeiro, entre o céu e a terra. Isso quer dizer: maldito pelos homens e por Deus; nem os homens o aceitam, nem Deus. Cristo foi maldito e a morte dele mostra isso.

Mas assim Ele devia morrer. Ele devia tomar esta maldição para nos livrar da maldição. Pois Cristo estava pendurado na cruz, não por causa de um pecado pessoal dele; Cristo estava pendurado na cruz por causa do oficio dele. Sendo mediador entre Deus e os homens, representando o povo de Deus, Cristo aceitou voluntariamente o seu destino. Ele foi mandado para esta terra para realizar este sacrifício na cruz. Isso foi o seu destino. Os profetas já falaram sobre isso; os salmos já falaram sobre isso. Veja o Salmo 22, 35 ou salmo 69. Estes salmos já profetizaram sobre a morte do Cristo na cruz. Jesus devia morrer assim para nos salvar. Devemos nos lembrar sempre disso.

Nota:
[1] Lutzer, Erwin. Os Brados da Cruz. Ed. Vida, São Paulo, SP, 2002: p. 23.

[2] Strobel, Lee. Em Defesa de Cristo, Ed. Vida, São Paulo, SP, 2000: p. 259.

[3] Ibid, p. 261.

[4] Ibid, p. 263.

Fonte: NAPEC

terça-feira, 24 de julho de 2012

Namoro de crente com não crente, um conselho.



Esta carta foi por mim escrita e dirigida ao meu filho Samuel, que anos atrás se envolveu emocionalmente com uma jovem descrente. Na época minha esposa e eu ficamos muito preocupados e iniciamos uma batalha pela salvação de sua alma. Graças ao Senhor ele considerou a Palavra de Deus, e, por Sua misericórdia, libertou o meu amado filho de cair na “linsonja da mulher estranha”. Hoje ele está casado com Helen, uma serva de Deus, com quem tem uma mimosa filhinha da aliança, Sara.



O propósito de publicar esta carta é advertir aos jovens que estão no mesmo envolvimento emocional, sendo seduzidos por Belial até que a “flecha lhe atravesse o coração; como a ave que se apressa para o laço, sem saber que isto poderá lhe custar a vida”. Meu desejo também é de encorajá-los a ouvirem a voz da Sabedoria ― o Senhor Jesus.

Meu querido filho Samuel, meu primogênito, consagrado ao Senhor. Sua mãe e eu o amamos muito e nutrimos grande esperança de vê-lo feliz e abençoado, principalmente sendo útil na causa do Mestre. Temos orado incessantemente por você, principalmente agora que você está passando por essa provação. Como seu pai e também como seu pastor, quero, com muito amor, mas também firmeza, lhe trazer, em nome do Senhor, uma exortação bíblica, que espero possa lhe ajudar a tomar a decisão certa neste caso.

Meu filho, Deus propôs, desde a eternidade, escolher um povo para si, resgatá-lo e separá-lo dos demais povos, para que fosse exclusivamente seu. Estabeleceu com ele uma aliança para se relacionar e lhe pôs um selo específico (uma marca) para distingui-lo e proibiu terminantemente o relacionamento mais íntimo de qualquer dos seus filhos com os demais pecadores. Desejo lhe mostrar na Escritura, desde o Éden, este propósito da parte do Senhor. Deus prometeu um salvador a Adão e a Eva, bem como a toda sua descendência (Gn. 3:15). Caim matou Abel, e não foi contado como pertencente à Aliança. Por isso a descendência chamada santa, ou dos filhos de Deus, começou no capitulo 5 com Sete: “Viveu Adão cento e trinta anos e gerou um filho à sua semelhança e conforme a sua imagem e chamou-lhe Sete” (Gn. 5:3). Caim não foi considerado e Abel já estava com Senhor.

No capitulo 6, encontramos a primeira ameaça, que trouxe desgraça e destruição: “Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas, vendo os filhos de Deus, que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si, mulheres…” (Gn. 6:1-2). Essa contaminação provocou a ira de Deus que chegou a se arrepender de ter feito o homem e destruiu a maioria deles no dilúvio. O casamento misto, reduziu o número dos participantes da aliança a 8 pessoas! De Noé, Deus escolheu Sem e assim retomou a linhagem santa até o Abraão, quando, de um modo mais claro, revelou sua vontade de manter um povo distinto na terra, para o louvor de sua glória, chamando Abraão e estabelecendo uma aliança com ele. Quando Isaque, seu filho, alcançou a idade adulta, Abraão mandou seu servo buscar, junto aos seus parentes, linhagem de Sem, mulher para ser esposa do seu filho. Abraão foi tão enfático em insistir que só poderia ser uma jovem de sua parentela que fez o servo jurar solenemente colocando a mão debaixo de sua coxa (Gn. 24:1-9). Por quê? Porque Abraão conhecia os propósitos do Senhor e os terríveis prejuízos que viriam caso a linhagem santa fosse contaminada.
O mesmo sucedeu quando Jacó e Esaú estavam na idade de se casarem. Rebeca e certamente seu pai Isaque, estavam tristes e preocupados com a possibilidade de seus filhos contaminarem a aliança com o casamento misto, veja: (Gn. 27:46 e 28:1-9). Jacó obedeceu, mas Esaú não, e foi deixado de fora. Outra ameaça surge no cap.34, do mesmo livro, com o estupro de Diná. Foi proposta uma ”conversão” forjada, que seria de grave conseqüência para o povo todo, e Deus usou o ódio dos irmãos de Diná, para destruir aqueles homens de Siquém “circuncidados”.

Muitos anos se passaram até que Satanás voltasse a ameaçar a pureza da Aliança e o povo de Deus com o pecado do relacionamento misto. Agora o povo de Deus estava atravessando o deserto. Balaque, rei dos moabitas, temendo a Israel, contratou Balaão para maldiçoar o povo, mas Balaão embora no íntimo quisesse, não conseguiu. Foi então que, inspirado por Satanás, ensinou a Balaque uma fórmula maligna e infalível: o relacionamento misto (Nm 31:15-16). Isso resultou num grande juízo da parte de Deus contra o povo e morreram 24.000 pessoas vitimadas por uma terrível praga, que só cessou quando Finéias transpassou com sua lança um israelita que chorava agarrado à sua namorada estrangeira (Nm 24 — leia todo). Temos mais tarde o caso de Sansão. Deus se utilizou das loucuras de Sansão para livrar Israel, mas isto não o isenta da culpa de ter se casado e depois se relacionado com mulheres que não eram da aliança.

Quando quis se casar com uma filistéia, seus pais o recriminaram, (Juízes 14:1-3) porque sabiam que esta desobediência cheirava ruína e morte. Agora a Escritura expõem a triste experiência de Salomão, um jovem rei, que contou com o apoio de seu pai que o aconselhou (I Reis 2 :1-4) e o instruiu (Prov. 4). Tinha a melhor das intenções, pediu sabedoria e recebeu, mas arruinou-se por causa do pecado do casamento misto. O capitulo 11 de I Reis diz: “Ora, além da filha de Faraó, amou Salomão muitas mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidônita e hetéias, mulheres das nações de que havia o Senhor dito a Israel: não caseis com elas, nem casem elas convosco, pois vos perverteriam o coração, para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou Salomão pelo amor”.
Após o exílio, depois de grande sofrimento, em fim o povo retorna para sua terra, por mercê de Deus. Mas Esdras descobre que algo estava errado e a ameaça estava de novo rondando o povo, era o pecado do casamento misto. Sob a liderança de Esdras o sacerdote, o povo foi exortado fortemente e uma grande consternação e arrependimento tomou conta dos que haviam voltado a Sião por terem se envolvido em casamento misto. No capitulo 10 de Esdras, vemos a descrição desse fato e do drama que se instalou na difícil tarefa de ter que despedir as mulheres estrangeiras e seus filhos.

Neemias, servo do Senhor, na mesma ocasião, como governador, usando de sua autoridade, tratou com severidade os envolvidos. “Contendi com eles e os amaldiçoei e espanquei alguns deles e lhes arranquei os cabelos…” e os admoestou relembrando-lhes o que acontecera com Salomão, cujas mulheres estrangeiras o fizeram cair em pecado. (Ne. 13:21-27) No Novo Testamento, nada mudou a este respeito, a aliança é a mesma e os seus termos também. Em Cristo fomos chamados para debaixo da aliança, para dentro da comunidade de Israel (Ef 2:12-13). Somos agora o povo santo de Deus (I Pe. 2:9-10), seus filhos e, o mesmo que Ele requereu deles no Velho Testamento, requer agora de nós: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulo…que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união do crente com o incrédulo?” (II Co. 6:14-18). Casamento, somente “no Senhor” (I Co. 7:39). Por isso, meu filho, não podemos sequer admitir um envolvimento, ainda que seja apenas sentimental, de um filho da aliança, com uma moça ímpia, filha de Belial. Lembre-se que para o Senhor Jesus, não é pecado somente aquilo que é externo, mas o que já existe no coração (Mt. 5: 27-28).

Meu filho, por quem tenho derramado lágrimas, intercedendo e suplicando todos os dias diante do trono da graça. Sei que esse sentimento é involuntário, e você não é responsável por ele, mas o ter facilitado para que ele surgisse, e visse a nutri-lo e protegido. Isso é pecado e entristecesse a Deus. É preciso ser mais duro contra o pecado, não acaricie aquilo que corre como câncer no seu coração e que no fim lhe leva à morte. Rogue a Deus e implore para que Ele extirpe do seu coração este sentimento. Tome providências severas contra ele. Corte todos os meios para que ele seja nutrido. Faça exatamente o que diz o texto: “retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor” (II Co. 6:17,18). Eu sei que dói, mas o Senhor sofreu muito mais por você. Sei que você tem tentado resistir, mas… “Ora na vossa luta contra o pecado ainda não resististe até o sangue” (Hb 12:4). Estamos orando por você, sua mãe e eu, “na expectativa que Deus lhe conceda, não só o arrependimento… mas também o retorno à sensatez, livrando-o dos laços do diabo…” (II Tim. 2:26).

Deus o abençoe!
Por Josafá Vasconcelos

A Teologia Das Porções ou O Evangelho Algemado


Por Jofre Garcia


“Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”

(Mateus 22.29)

Outro dia ouvi uma palestra onde um renomado teólogo brasileiro aconselhou seus ouvintes a não lerem a Bíblia, pois ela enlouquece ou pode levar a loucura os seus leitores. E não era uma ironia. Partia das experiências de vida desde sua tenra idade e da sua própria mãe que foram impregnadas em sua existência, e associada a seu caminhar intelectual lhe fez chegar a tal equação: que a leitura constante e ininterrupta da Palavra pode comprometer o equilíbrio mental das pessoas.

Estranho e constrangedor vindo de alguém que deveria nos estimular a leitura das Sagradas Letras como exercício libertário e uma experiência com o poder de Deus na Palavra. Estranho e constrangedor perceber que entre nós, ditos cristãos, têm-se desenvolvido uma religiosidade desamparada do único elemento que fundamenta toda nossa ortodoxia e disciplina vivencial, a Bíblia. Estranho e constrangedor o quanto é incômodo nos dias de hoje, nos disciplinarmos no exercício da leitura diária das Escrituras. Inventamos as desculpas que nos cabem, mas, não cabe no que verbalizamos ser: cristãos!

Observamos, então, existir uma blibliofobia em pleno crescimento entre nós, e que a reboque trás graves conseqüências para Igreja.

Certa vez ouvi de um chefe de família que lia a Bíblia apenas nos encontros de casal, pois, era quando tinham tempo.
Outro, disse que não suportava a leitura por conta das narrativas do tipo genealogias ou Números.

Houve quem alegou que sua indisponibilidade era o fato de que o Antigo Testamento respingava sangue.

Teve ainda, quem confessou o medo do Apocalipse e por isso não lia.

Esses foram alguns casos que testemunhei há pouco tempo. O grande lamento e espanto é que essa negligência gera uma ignorância crônica pelas questões mais básicas da Palavra e que formam a base de nossa fé cristã. Há uma mania de crer no que é proposto pelos pregadores literalmente, sem o menor esforço de buscar a chancelaria do que foi posto na Palavra. Outra mania é optar tão somente pelo simplismo textual como se fosse resposta para tudo o não ter resposta. O que não é verdade, pois, deste modo criamos uma religião não pensante, que não tem o que responder ao mundo de agora, a não ser o clássico: “é coisa do diabo, arreda!”.

Para completar temos a cultura das porções, dos versículos isolados e usados como autorizadores de toda e qualquer bizarrice e cretinice nos campos pelo mundo.

Então, temos a geração das porções.

É a Bíblia mutilada de seu contexto e esvaziada em seu real significado. Aviltada de sua honra como Palavra de Deus, usada e abusada como palavra de homens. Rotulada pelas empresas “ministério” que nos oferece perigosos atalhos para nos fazer enxergar a verdade que eles querem construir. Furtada de seu propósito e instrumentalizada como patuá ou ferramenta de fazer fortunas. Torturada para diga o que não diz, mas sim, a “verdade” do seu torturador. Silenciada, porque não mais expõe o plano de Deus, mas, serve como revelação apenas para o personalismo de cada um, nas porções preferidas, que se contradizem devido o mau uso e não tem significado global apenas o egoísmo do “eu”.

Um dos resultados dessa cultura é o algemar do Evangelho.

Então:

“Deus é amor” (João 4.8) não é mais uma expressão que traz a significação do amor de Deus em conceder seu Filho Unigênito para nos resgatar e purificar do pecado, e que esse entendimento nos deve conduzir a um viver comunitário ditado nesse parâmetro de amor. A teologia das porções transformou num enunciado que paralisa qualquer ação divina de condenação de pecado e conduta humana que fere os mais elementares princípios de sua Palavra. Outro problema desse tipo de teologia é que mundo o absorve rapidamente e assim se nutre da inverdade e tenta inviabilizar e desclassificar a Igreja de Cristo e sua conduta.

“Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mateus 7.1) não é mais um princípio norteador para a comunidade e para o “eu” pessoal não emita sentenças condenatórias a cerca de pessoas baseadas em nossa lógica ou nosso parâmetro hipócrita. Ou seja, condenar os outros por aquilo que nós também, de uma forma ou de outra fazemos (às vezes em secreto), além, disso o texto denuncia a nossa incapacidade de exercer misericórdia. A teologia das porções manieta os cristãos com a aplicação simplista do versículo tornando como coisa imprópria a capacidade de discernir as ações, pensamentos e idéias, furtando do ensino de Cristo esse elemento, exposto em Mateus 7.15-16; Lucas 6.43-45.

“E tudo que pedires em meu Nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” (João 14.13) não é mais uma expressão dentro do ensino de oração, pela qual quem ora é identificado com Jesus e os seus propósitos. A teologia das porções transformou esse versículo e seus paralelos numa ferramenta de coação contra Deus, no qual Ele, o Senhor é obrigado a atender os pedidos dos “adoradores” pelo simples fato de o fazerem usando a codificação etimológica do nome “Jesus”. Como ouvi certa vez de um pregador, que Deus era obrigado a assim proceder por causa dos que orassem dessa forma.

Esses são apenas alguns exemplos para não ficar deveras extenso o artigo.

Contra tudo isso, exponho algumas exortações:

Leiamos a Bíblia sempre, e todo dia. Procurar ler ela toda, sem a preocupação se durará um anos ou mais, não fique paranóico com os planos de leituras, use-os como orientação e ajuda para tuas leituras, mas, se não conseguir segui-lo, siga lendo as Escrituras sempre, e todo o dia.

Leia a Bíblia como uma experiência de encontro com o Deus da Palavra. Evite os óculos denominacionais, tente vencer a tentação das Bíblias rotuladas (aquelas que são da “vitória financeira”, “de fulano de tal” “disso ou daquilo”), leia sem a impregnação teológica que procura nos influenciar, mas, como um adorador em busca do Deus que motiva sua adoração.

Leia a Bíblia com temor, reverência e amor, buscando nela os elementos que solidificam a nossa caminhada cristã, mesmo que nosso caminho seja pelo mar revolto.




Leia a Bíblia não como um livro mágico, mas, como a Palavra Revelação Especial de Deus, inspirada pelo Espírito de Deus e pela qual nos tornamos sábios para a salvação.

Leia a Bíblia com sua família.

Leia a Bíblia por que ama a Deus, e quem ama Deus ama a sua Palavra e não sabemos se amamos a Deus se lemos a sua Palavra.

A leitura da Bíblia não enlouquece ninguém. Essa é uma das mais absurdas mentiras que já ouvi. Nunca vi ninguém dizer que alguém ficou maluco por ter lido ou visto muita revista pornográfica, ou jornais, ou livros de piadas indecentes. Sim! A Bíblia tornará quem a lê louco para os sistemas do mundo, porém, sábios para Deus.

Ah! Antes que termine, leia a Bíblia, mas só marque um versículo em destaque quando considerar todo o contexto do parágrafo, para que não ocorre de cair na tentação da teologia das porções e o Evangelho esteja algemado pelos versículos que você gosta.

N’Ele, que é a Palavra.
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Jofre Garcia é um teólogo, radialista, gente sensata e que ama a verdade. É colunista do Púlpito Cristão e escreve para o Auxílio do Alto.

terça-feira, 17 de julho de 2012

O caráter cristão







Por João Rodrigo Weronka
Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. [Efésios 4.12-13]

Introdução

Vivemos numa época em que os valores estão sendo descartados dia-a-dia. A sociedade tem andado num ritmo acelerado de inversão de valores a ponto de não nos espantarmos mais com a infinidade de absurdos que nos são comunicados.

O mundo tenta impor, através de uma diversos meios, que Deus, a família, a igreja, o bom caráter e a moral não são relevantes ou necessários. Nesta sociedade relativista, o valor absoluto das coisas se perdeu, e cada qual cria seu próprio mundo, sua própria cosmovisão. Desta forma, os valores que o cristianismo apregoa são considerados por muitos como falidos e ultrapassados.

Valores estranhos que outrora não faziam parte da realidade da igreja passam a ser tolerados. A igreja que antes era caracterizada por andar na contramão dos valores materialistas tem se deixado levar por modismos e novidades que passam a moldar seu “novo” jeito de ser. Neste ritmo, já não podemos brilhar como luz do mundo e nem temperar como sal da terra. Neste ritmo, a moral e o bom caráter não têm um valor tão intenso como deveria ter. Não importa se a igreja faz a diferença no meio em que está inserida, em sua comunidade, mas o que importa é ser numérica, mesmo que não tenha qualidade.

O objetivo com este estudo é definir e apresentar uma proposta para trazer para a aplicação pessoal a essência do caráter cristão, entendendo como ele é formado, quais são seus valores, suas virtudes. Veremos como isso faz toda diferença.

Definição

Segundo o Dicionário Aurélio, caráter é definido por: “qualidade inerente a uma pessoa, animal ou coisa; o que os distingue de outra pessoa, animal ou coisa; o conjunto dos traços particulares, o modo de ser de um indivíduo, ou de um grupo; índole, natureza, temperamento”.

O significado literal do termo grego charaktēr é “estampa”, “impressão”, “gravação”, “sinal”, “marca” ou “reprodução exata”.

Caráter é algo que vai sendo formado e impresso com o tempo em nosso interior, uma verdadeira marca. O caráter de cada qual não é formado do dia para noite. É um processo gradual que está relacionado a um amplo conjunto de fatores que influenciam na formação de cada um.

Meios como TV, internet, família, religião, infância, desprazeres, decepções, alegrias, enfim, uma gama variada de fatores influencia na formação do caráter de cada indivíduo. Desde o berço.


O caráter cristão – formação, influências e virtudes

Assim como o caráter de cada indivíduo é formado desde o berço, nosso caráter cristão também passa a ser moldado desde o primeiro passo de nossa caminhada com Cristo (Jo 1.12; 3.3). Os valores do Reino de Deus passam a ser impressos em nós, para que verdadeiramente possamos ser seguidores de Jesus Cristo genuinamente.

Deus usa de muitos meios e formas para que o caráter de seus filhos seja formado, mas sem dúvida alguma, o principal fator de influência é o agir da Palavra dEle na vida de cada um, bem como o consolo e direção que o Espírito Santo dá aos Seus (Ef 1.13). Afinal, o que pode ser considerado como um caráter cristão? Podemos relacionar alguns pontos, que evidentemente, não serão os únicos:

1) Não se trata apenas de bons valores morais | Apesar do cristianismo carregar implicitamente um forte viés moral – pois a Bíblia nos dá parâmetros morais – o caráter cristão não está repousando apenas sobre o fato de ser “bom”. A boa moral está contida, mas de modo algum é o todo. Cada um de nós pode dar exemplos de pessoas que confessam ser cristãs, mas que não são bons exemplos de conduta digna, bem como pessoas não-cristãs que são cidadãos de bem.

2) O cristão genuinamente bíblico admite suas falhas | Cada um de nós, sem exceção, é um pecador (Rm 3.23). Todos temos o pecado dentro de nós, e isso produz limitações e consequentemente falhas. A virtude do cristão de caráter é ser transparente, é ter dignidade suficiente para admitir que é limitado e que depende completamente da misericórdia e graça do Senhor.

3) O caráter moldado cria controle | Quando nosso caráter entra em fase de maturidade, conseguiremos controlar situações que de algum modo podem manchar a marca de Jesus em nós, afetando nosso testemunho cristão. Neste ponto de plenitude, não haverá espaço para amargura, ira, discórdia, egoísmo, arrogância, discussões, facções. Apesar de – eventualmente – tais coisas ocorrerem, precisam ser enfrentadas e enfraquecidas. Nosso ser por completo, mente, atitude, palavras, precisa ser um meio de culto e adoração permanente (Mc 12.30; Gl 5.22).

Com tal caráter formado em nós, passaremos a frutificar em atitudes que atestam que somos de Deus e temos Sua Palavra em nossas vidas. Passamosa frutificar em virtudes, como: 

  • Pureza | vida separada – santificação – para o Senhor. Uma vida distinta num mundo corrupto (Fp 4.8).
  • Imparcialidade | trataremos a todos – seja quem for – de modo único, sem acepção de pessoas. Seremos justos com as pessoas, independente de afinidade, sejam amigos, parentes, irmãos, parceiros de caminhada (1Ts 5.15).
  • Sem fingimento | é prezar pela verdade. Não existe espaço para máscaras e ânimo duplo (1Pe 2.1; Tg 4.8).
  • Humildade | ninguém é auto-suficiente. Vaidade e soberba não devem encontrar espaço no coração do cristão; tais coisas devem ser banidas de nosso meio! Somos um corpo e dependemos uns dos outros (Mt 5.3).
  • Mansidão | serenidade. Ser manso, não permitindo que disputas e discórdias tomem conta. Gentil, sensível e paciente com todos (Mt 5.5).
  • Misericórdia | compaixão pela dor, “pela miséria do coração” alheio. Entender que nosso próximo pode passar por lutas, dores, infelicidades extremas. Experimentar e participar do sofrimento alheio (Mt 5.7)
  • Coração puro | ser livre de impurezas no altar – no coração. Relacionamento constante com Deus e com a Sua presença, nos limpando genuinamente daquilo que nos separa dEle (Mt 5.8).


O modelo supremo de caráter – fonte de inspiração

Nosso modelo supremo de formação de caráter é nosso Senhor e SalvadorJesus Cristo! Ele deve ser nosso alvo, razão, adoração, modelo, tudo! Afirmar que somos cristãos é carregar nos ombros a responsabilidade de sermos seguidores e praticantes dos ensinos do Mestre.

Ter um modelo é fundamental na formação do caráter, e para formação do caráter cristão, o modelo do Senhor nos leva a amá-Lo, admirá-Lo, imitá-Lo, segui-Lo. Ele nos faz, dia-a-dia ver que podemos aplicar, viver e frutificar em tudo que vimos acima.

Que possamos afirmar, assim como Paulo que somos imitadores de Jesus (1Co 11.1). Para tal, devemos:

Conhecer o Filho de Deus | Buscar estar em pura intimidade com o mestre e o auxílio do Consolador (Ef 4.13; Jo 15.5; 26-27; 1Jo 1.1-3). O testemunho da Palavra e do Espírito Santo nos levam a conhecer e ter intimidade com Ele.

Submeter-se ao senhorio de Jesus | Rm 10.8-9 – estar submetido completamente ao governo e autoridade de Cristo sobre nós. Não basta reconhecer e ter Jesus como Salvador, mas sim estar submisso a Seu senhorio.

Obediência irrestrita | A época em que vivemos tem ressaltado cada vez mais que o ser humano vive em rebeldia contra Deus e Sua Palavra. Jesus nos mostrou que a obediência ao Pai deve ser praticada (Fp 2.8).

Negar a si mesmo | Matar nossa carne e viver para ele; o negar a si mesmo é um verdadeiro atestado de compromisso com o Reino. Jesus serviu e não foi servido. Adoramos ao Senhor de modo especial quando estamos negando ao nosso ego e mortificando nossa vontade, deixando que Ele viva em nós (Gl 2.20).

Que possamos caminhar moldando nosso caráter de glória em glória (2Co 3.18) e que isso seja como aroma suave subindo à presença de Deus. Um verdadeiro meio de adoração!

Fonte: [ NAPEC ]